segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nascer

As ideias sobre os objetos, os substantivos concretos estavam começando a me engolir. O arame farpado, os cadafalsos, os vidros de perfume, os formulários, os óculos para ver em 3D. Nada disso era matéria, mas puro pensamento sobre ela – palavras, estruturas abstratas. Diante dos meus olhos, só uma neblina muito densa. Haveria uma maneira – sim, era preciso que houvesse – haveria uma forma de entender a neblina apenas pelo tato, sem nem uma letra, nada, somente a sensação absoluta? Haveria um jeito de estar no mundo, e perceber as coisas, e ter algum conhecimento construído sem os símbolos – não mais que o tempo-agora do meu corpo? Ser algo assim como uma árvore móvel? Como um cordeiro? Abandonar-me sem receio à realidade interminavelmente silenciosa do Universo?

Um comentário:

Vizionario disse...

Mano, até dá.

Mas é perigoso...