quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Errante

Duas horas para o beijo azul dessa melancolia. Os dedos estendidos, minhas mãos abertas e voltadas para uma garoa que inventei: a tarde é fria, e cinza, e há todas essas coisas que se dissolveram pelo tempo longo de não terem sido ditas. Quanto eu te amei. Quanto eu fui feliz por um dia. Se a vida, o mundo, os deuses te entregassem! – mas apenas contemplar, obra divina, mármore, Helena do meu sofrimento lento. Ou arrancar meu coração com as mãos e vê-lo consumido, exausto, negro. Duas horas para me esquecer de ti, eu que não me esqueço nunca. Guerras inúteis. Estradas de tijolos cor-de-chumbo. Duas horas. Contra uma ausência interminável.

E é à terra que reclamam. Meus pés, confundidos neste território vasto e sem vida. Como é possível?, me pergunto. Como eu suporto ser tão nítida essa tua imagem?

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu texto é muito bom...
Viciei no seu blog!