sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carícia

Tire os sapatos. Não quero ouvi-los sobre as tábuas da varanda. Estou fazendo parte da paisagem; estou cuidando a brincadeira das crianças. Não fale nada. Sente-se ao meu lado; ajeite com a mão as dobras do vestido. Longe, veja, o sol poente só ilumina as árvores no topo das montanhas – saboreie um mate; eu saboreio o instante de ter olhos verde-ouro. Mas em silêncio, agora. Só mais um pouco. A pele se prepara para um toque, para uma carícia. Que seja doce. O gato que se enrola em nossas pernas, o nome dele é noite.

3 comentários:

Vizionario disse...

À gato, todas as noites são pardas.

Quem não te conhece talvez deixe passar o alto teor de sedução que emana deste texto.

boa sorte...

Namorada disse...

Lamento ter que discordar do colega acima que algumas vezes já concordou comigo,em outros comentários, porém e impossível não ser seduzido pelo conteúdo, é um convite ao momento, único, do silêncio mais profundo entre duas pessoas que tem muito a dizer uma prá outra, mas que o clima fala por si.
Sorte daquela a quem se destina o
convite!
é isso!

Vizionario disse...

Terei que discordar da discordância da colega Namorada, com a qual concordo com certa frequência.

Estamos falando, penso eu, a mesma língua, sobre um texto cujo título, "Carícia", não necessariamente remete à sedução.

Acredito que a objeção poderia, sim, ser feita em relação à crase do comentário, que não existe na norma culta, uma vez que gato é uma palavra masculina, não admitindo portanto o sinal gráfico de encontro entre o a artigo e o a preposição.

No mais, é isso.