quarta-feira, 20 de maio de 2009
O Poeta
Aquele menino nasceu com um defeito no cérebro – não, com poderes sobrenaturais – não, ele sofreu um trauma na infância – não, ele escrevia poemas, e por volta dos onze anos ele descobriu que – não, ele já passava dos vinte – descobriu que podia enxergar o inferno dos outros – não, ele decodificava os ambientes emocionais à sua volta – não, ele era um retraído incurável – não, ele podia ler pensamentos e prever o futuro – não, ele era só sensível demais e começou a perder a sanidade porque – não, na verdade ele achava tudo muito divertido, mas estava meio cansado de ouvir que talvez fosse melhor para ele procurar um psicólogo – não, um pai de santo – não, a bíblia – não, ele era índigo e tudo se explicava – estava cansado de ouvir demais quando ninguém estava realmente preocupado em entender – não, em ser um pouco mais parecido com ele – não, em deixá-lo viver a própria vida em paz – não, em explicar de que forma ele estava sendo mesquinho e egoísta – não, em parar para ouvir o que ele sabia muito bem – não, ninguém estava preocupado em parar para ouvir o que ele pensava sobre o amor e todas essas coisas que podem salvar o mundo – não, que só servem para fazer poemas – não, sobre as coisas que realmente importam, porque ele acreditava em sua cabecinha de menino – não, de fracassado – não, ele sentia em seu coração de poeta que alguma coisa estava muito errada – não, que o mundo ia acabar em 2012 – não, que usar palavras como amor e liberdade fora de outdoors não deveria ser considerado escapismo, e ele queria mudar os conceitos das coisas – não, ele queria se matar – não, ele queria ajudar enquanto era tempo – não, ele queria se matar – não, ele só queria ver a vida de outra forma – nem sempre ele queria se matar – o que ele mais queria era escrever a frase perfeita, a frase mais bonita que alguém já escreveu, a frase que ficaria na cabeça de todos pelo resto da vida para que eles se lembrassem do que realmente importa – não, não importa, mas ele queria mesmo escrever uma frase bonita – não, ele queria que nada mais precisasse ser dito – não, ele queria apenas descobrir se alguém era capaz de enxergar a mesma beleza que ele neste mundo já saturado de frases tortas.
Por
Roger Dörl
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3 comentários:
- não, não apenas ele mas talvez ela também queria - não, talvez ela quizesse ainda mais que ele - não, talvez ela nem soubesse ao verto o que ela mesma queria -não, talvez ela bem soubesse mas não poderia querer - não, talvez a sua atual situação não lhe permitisse ou como sua mãe lhe disse: "Meu Deus, minha filha, ISSO não fica bem na tua posição!"
Mas,no fundo, ela sabe que poderia ser diferente... mas ela não ousaria mudar agora... na sua atual posição!!!!!
o menino tinha um mundo grande demais. colorido demais. profundo demais. com amor e dor demais.
no fim, o era menino era lindo demais.
Ele escrevia poemas e por volta dos onze anos já sabia que podia disfarçar sua maravilha e dor com palavras.
Que eram só palavras.
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