quinta-feira, 2 de abril de 2009

De repente uma tristeza adolescente

Visão Noturna do Centro fotografado da Reitoria UFPR
por Adilson Gomes

Seria bom, amiga, se eu conseguisse explicar por que meu coração ficou pequeno de uma hora para a outra; mas só sei que foi assim, e eu tive que dizer licença eu vou comprar um mate ou vou tomar um bonde; até que no fim, desculpa, eu acabei me debruçando na janela e tive que chorar tudo isso enquanto o professor falava. A gente não escolhe, amiga, nem a dor que sente nem a hora de sentir – seria bonito, seria um passeio hippie pelo bosque, disco infantil contendo uma historinha inofensiva para o seu menino, seria um ídolo de ouro com a nossa cara se a vida conseguisse ser menos estúpida e canalha como acaba sendo vez ou outra. Então é tudo uma questão de segurar as rédeas? Então não é num tigre que montamos? Seria bom, amiga, se fosse uma questão de ter vontade ou lucidez. Mas a gente simplesmente não escolhe o amor que sente. A gente não escolhe não encontrar ninguém. A gente não escolhe esse cansaço no final do dia, no alto de um prédio em uma aula de Grego Avançado, e se sentir completamente zonzo e só quando ao olhar pela janela reparamos no cair da noite sobre uma cidade que não tem mais fim...

***

hoje à noite, diz Leminski,
(anote em seu caderno)
hoje à noite
lua alta
faltei
e ninguém sentiu
a minha falta


É bobo, eu sei. Mas por hoje é tão... verdade...

3 comentários:

J. disse...

Esta é a minha vista, 5 noites por semana, há tempos...

Roger Dörl disse...

sabe, escrevi o texto pensando nessa vista... não dá pra dizer que eu estava exatamente com saudade :D

mas vá lá... tem o seu charme, não?

Jan disse...

tem, sim.
e aumenta com a distância... ;)